Podemos ajudar a consertar uma cidade?

Em  dois dias o Projecto Évora 2.0 recebe nas escolas por onde passa  uma turma durante cerca de 50 minutos. Ao longo destes dois dias recebemos cerca de 150 crianças entre os 10 e os 16 anos. 

A grande maioria destes estudantes usa o carro no seu percurso casa-escola. São muito poucos aqueles que vão a pé ou  de bicicleta. Ainda menos aqueles que usam o autocarro. Aliás, a utilização do autocarro no percurso casa-escola é, estranhamente, residual.

Nestes dois dias que estivemos na Escola André de Resende perguntámos qual era o grande desejo de mudança em termos de mobilidade para estas crianças. A resposta foi quase unânime: a bicicleta.  

Na semana seguinte voltámos a esta escola para fazer um plenário entre a maioria das crianças com quem estivemos antes. Cerca de 80 crianças juntas numa sala grande. Em vez de um PowerPoint, levámos uma bicicleta. A bicicleta que levámos estava avariada. Como a cidade está para quem anda a pé ou de bicicleta. Mesmo assim, arriscámos umas voltinhas na sala. Descobrimos que a bicicleta também serve para dar palestras e cativam mais do que o PowerPoint. Sobretudo se estiver em movimento como fizemos.

É muito arriscado usarmos uma bicicleta sem travões como é ainda  arriscado andarmos na nossa cidade de bicicleta. Então o que fazer perante uma bicicleta avariada? Esperar que se arranje sozinha ou meter mãos à obra e consertá-la? E a cidade que julgamos avariada também podemos ajudar a consertá-la? Num diálogo animado foi essa a reflexão que fizemos. Foram várias as propostas: organizar manifestações, reivindicar mais ciclovias e menos carros nas estradas ou, simplesmente, andar mais de bicicleta na cidade. Por cada bicicleta a circular é menos um carro na cidade.

Fernando Moital, 4/11/2019

Leave a Reply